Meus pais tiveram infarto, como saber se estou em risco?
- Gabriel Loureiro

- 24 de out.
- 4 min de leitura
Você teve uma história trágica na família ou entre amigos?
Infarto e "derrame" (acidente vascular cerebral) são doenças muito temidas no imaginário popular. Não é à toa, pois doenças cardiovasculares deste tipo são a maior causa de morte no mundo, ganhando até do segundo grupo de causas mais temidas, os cânceres. É muito improvável que você não conheça alguém que teve esses sérios problemas, e frequentemente foi um familiar muito amado.
Alguns destes entes queridos partem rapidamente, sem chance de despedida, outros, vítimas de um infarto inesperado, podem viver o resto dos seus dias com limitações e tomando uma dezena de remédios. Ou são vítimas de um AVC trágico e ficam dependentes de cuidados, vivendo o final da vida com fragilidade e com múltiplas internações.
Assim viveram muitos dos nossos pais, avós e muitas pessoas das gerações passadas. A sobrecarga de trabalho e o baixo acesso à saúde e prevenção se refletiam na medicina: os cuidados eram voltados para remediar um evento terrível depois de acontecer.

Conhece alguém que fez teste ergométrico normal e depois teve um infarto? Exames de rotina comuns não são preventivos.
Conforme os anos foram passando, certas estratégias se firmaram: vamos fazer teste ergométrico e uma bateria de outros exames anuais para detecção precoce de doenças, assim poderemos vencê-las! Com muitos custos envolvidos, isso infelizmente não impediu que pessoas, com o passar da idade, ficassem doentes; em alguns poucos casos, limitou possíveis sequelas, antecipando intervenções. Pessoas com histórico de doença cardiovascular precoce, contudo, continuavam a ter infartos / AVCs ou tinham que se submeter a procedimentos cardiovasculares em idade semelhante à dos seus pais.

Não preveníamos, tratávamos. Mas hoje é possível mudar! Mesmo as pessoas com herança genética, com pais que tiveram infarto cedo, entre os 40-60 anos de idade, conseguem se prevenir e ter um envelhecimento saudável. Essa prevenção em geral começa nos 30-50 anos (e quanto mais cedo melhor)! Hoje o médico tem um amplo arsenal de medicações de controle de colesterol e outros fatores de risco que podem reduzir drasticamente as chances de doenças graves antes delas acontecerem!
Como saber se estou em risco? O que é o RISCO CARDIOVASCULAR?
Para pacientes entre 30-50 anos, sem sintomas, exames de detecção de doenças - cuja solicitação é a rotina de muitos cardiologistas (ex: teste ergométrico, ecocardiograma, Holter) - pouco mudarão seu futuro. O paciente acaba indo para casa feliz, "os exames estão ótimos, volte no próximo ano". Pouco se fala do colesterol ruim (LDL) que está em 140, e quando muito, há uma recomendação genérica de fazer dieta e exercícios. Anos preciosos são perdidos com exames de check-up que não levarão a nenhuma prevenção.
O foco nessa idade (em assintomáticos) deve ser PREVENÇÃO, não DETECÇÃO. E para prevenir, é necessário saber o seu RISCO CARDIOVASCULAR.
Como é calculado esse risco? Com uma combinação de idade, fatores hereditários (ex: histórico familiar, Lp(a), LDL), refinado com estilo de vida (ex: obesidade, sedentarismo, tabagismo), exames laboratoriais e presença de doenças de risco (ex: diabetes, hipertensão). Com isso, podemos saber quanto deve ser seu colesterol LDL e quão bem devemos controlar outros fatores, como a pressão arterial.

Diversas calculadoras (ex: SCORE, ASCVD, PREVENT) já foram estudadas para isso e hoje já é possível estimar sua chance de ter um problema nos próximos 10 ou 30 anos! Mais do que isso, ferramentas modernas, como novos exames - lipoproteína A (Lp(a)), proteína C reativa ultrassensível, escore de cálcio coronariano - permitem refinar esse risco e saber quem precisa de tratamento mais intenso ou não. Com o refino desses exames, sabemos quais pacientes tem mais risco de ter infarto ou AVC precoce e podemos finalmente alterar fortemente as probabilidades de alguém que teria infarto aos 45 anos.
O que é a Lipoproteína A - Lp(a)?
A Lp(a), ou lipoproteína(a), é uma herança genética, uma partícula semelhante ao LDL (colesterol ruim), mas com um componente extra que a torna ainda mais perigosa. Ela aumenta o risco de aterosclerose, coágulos sanguíneos e eventos cardiovasculares, independentemente de outros fatores. Níveis elevados (acima de 50 mg/dL) dobram ou triplicam o risco de doenças cardíacas, especialmente em pessoas com outros fatores de risco.
As novas diretrizes cardiológicas, brasileiras ou internacionais, recomendam que toda pessoa deve dosar sua Lp(a) uma vez na vida. A recomendação é ainda mais forte quando há histórico de infarto na família.

Calcular e atualizar seu risco cardiovascular anualmente é muito mais importante para prevenção do que qualquer exame de esteira.
E você? Teve alguém na família que teve um problema relacionado à aterosclerose? Você sabe o seu risco cardiovascular? Se você está entre os 30-50 anos ou até mais jovem, mas tem histórico familiar, esse é o momento de saber!
Agende uma consulta com Dr. Gabriel Loureiro, descubra o seu risco cardiovascular e comece sua prevenção.






Comentários